sexta-feira, 8 de julho de 2011

INTERROGANDO

E agora? Que não posso mais fazer xixi com a porta aberta ou passar o tempo livre de camisola?

E agora? Quem é que vai elogiar o meu arroz ou ser vítima da tradicional reclamação da tampa da privada levantada? Como vou perguntar se não tem nada melhor pra assistir se o controle remoto agora é só meu? De quem vou esconder os puns e remelas? 

Quem  vou ter que cobrir no meio da noite e como vou ficar sem aquele peito que era oferecido sempre que o sono faltava? Com quem vou comentar sobre a matéria do telejornal, o filme em cartaz, a roupa brega daquela moça lá na rua ou a beleza chata das moças da Casa Bonita?

Com quem é que vou pensar a mesma coisa ao mesmo tempo várias vezes durante o dia? Pra quem vou mostrar os números repetidos no relógio? Quem vai controlar o que eu como e fazer chantagem barata só para espremer aquela espinha?

Quem vai caber precisamente em meu abraço ou me incentivar a arrancar os pés, quase que constantemente enfiados no chão, quando uma estrela cadente resolver se despencar lá do céu? Quem vai me fazer sorrir alto e desengonçado, chorar baixinho ou mandar para longe minhas vontades de desistir? Quem vai entender meu ser inconstante e minha mania de declarar o que sinto?

Onde estão as respostas para tantos pontos de interrogação? Há alguém aqui que precisa saber.

P.S.: Eis que a distância volta a vestir o papel de inimiga.

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