quarta-feira, 16 de julho de 2014

NOITADA



As noites são exímias estimuladoras de nostalgia. Saudade do mingau morno da minha avó depois do jantar, saudade de encapar meus cadernos com papel bonito, saudade de colocar barquinhos de papel na chuva acumulada nas sarjetas da rua. 

Tem tanta saudade morando na gente, sustentando nossa história. Cultivo cada uma delas com carinho e gratidão.

P.S.: Ele chegou e virou tudo de pernas pro ar!rs

quinta-feira, 3 de julho de 2014

THE END, ZEFINÍ, FIM


Parece mesmo fase da lua. "Nunca na história deste país" vimos tantos relacionamentos amorosos chegando ao fim numa mesma época. E tenho ouvido isso lá em casa, no vizinho, no amigo, no amigo do amigo...

E é nessa hora que a gente consegue observar que cada um tem jeito diferente de reagir. Eu, por exemplo, fico triste e levo um tempo para deixar de passar por aquela fase do "tudo lembra ele". Penso que se a relação foi importante fica o desafio de retomar a rotina com a ausência (mesmo que consentida) do outro. 
 
Há quem prefira embarcar num relacionamento rebote. Respeito, mas prefiro o luto temporário e a readaptação. Acredito que se engatamos um novo envolvimento amoroso logo em seguida, não só o coração, mas também a cabeça ficam confusos. 

Certa vez li em algum lugar por aí que os sentimentos (que são diferentes das emoções) não são genéricos e que se aplicam a uma pessoa de cada vez. Cada detalhe é único e não dá pra substituir o João pelo Zé a curto prazo. Isso porque você e o outro tem peculiaridades, manias, um jeitinho específico e, por isso, no fim das contas, acabam surgindo comparações e corre-se o risco de machucar ao outro e a si. O que era para servir de consolo acaba virando um adiamento da perda. Ainda não vi histórias assim darem certo, mas vai que cola, não é?

Tem ainda quem prefira fugir da fossa caindo na curtição. Penso que até dê para ocupar a mente, se divertir, mas de forma efêmera. E depois que os amigos ou o paquera vão embora? E quando a música silencia? E na hora de passar em frente ao lugar que era o preferido do casal? Como ficam as lembranças?

Na verdade mesmo, apesar das peculiaridades, acho que o que todo mundo procura é curar o passado e ganhar uma nova chance de começar do zero. E, pra mim, é só o que vale: a capacidade de recomeçar.

P.S.: "Velhos caminhos não abrirão novas portas."

quarta-feira, 2 de julho de 2014

HORA DE APRENDER


De tanto guardar as próprias aflições dentro do bolso na tentativa de ter energia para contribuir na solução dos problemas alheios, a gente acaba ficando sem bolso, sem energia e com o dobro de problemas. 

Talvez essa seja a lição da vez. Tenho assimilado que vivenciar e superar por mérito próprio todas as etapas do processo de aprendizagem são fundamentais para quem passa pela escola da vida. Nesse momento, não posso achar que consigo poupar, proteger ou resolver tudo em nome do outro.

Entendi que o ato mais bonito que posso ter ao lado de alguém é aceitar minha incapacidade diante dos percalços alheios e demonstrar minha enorme utilidade em dar apoio até que tudo esteja resolvido.

Viver é aprender.

P.S.: Cabelo novo, peso novo, vida nova. Que seja feita a vontade de Deus e não a minha.

terça-feira, 1 de julho de 2014

DE OLHOS FECHADOS


Se eu fechar os olhos quero conseguir me calar sempre que o meu senso de justiça falar mais alto e ser simpática só com quem realmente merecer. Se eu fechar os olhos quero me ver brincando de fazer desenhos abstratos com a priminha que alegra meus dias mais nublados. 

Se eu fechar os olhos quero sentir o sabor de amoras colhidas no pé. Se eu fechar os olhos quero me imaginar na praia, não muito perto a ponto de sentir a água do mar tocar em meu corpo e nem tão longe que não possa sentir a brisa embaraçando meu cabelo. 

Se eu fechar os olhos quero pensar que posso pegar minha moto neste exato momento e sair só pra sentir o vento, sem rumo,  mas com vontade de voltar. Se eu fechar os olhos quero uma roda de amigos verdadeiros tomando vinho e dando muita risada espontânea ao som de Chico (ah, o Chico e sua coletânea que sempre me faz viajante). 

Se eu fechar os olhos quero lembrar-me apenas que nunca vai faltar motivo para a vida valer a pena.

P.S.: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você". - Jean Paul Sartre