sábado, 7 de abril de 2012

VIVA O QUARTO PODER

Responsabilidade social

Em oito anos de profissão já tenho algumas historinhas interessantes na coleção. Hoje, no dia do jornalista, divido aqui duas experiências vividas por esta que vos escreve em 2010, no Rio de Janeiro.

Policiais descendo das viaturas armados até os dentes (apesar de ser jornalista,  juro que não estou exagerando). O local, uma boate lotada em plena noite de domingo, na Lapa, o reduto boêmio da cidade. Em meio ao escuro e ao som alto, fequentadores, policiais e duas equipes televisivas começam a subir as escadas em ritmo de corrida. 

Muita gente assustada e gritos de "perdeu, perdeu; acendam as luzes da pista e desliguem a música". Drogas escondidas em sofás, garrafas de bebida e em latões de lixo. Pessoas passando por revista até dentro dos banheiros, cheiro forte de cigarro e alguns homens são algemados logo a frente.

Parece cena de filme, mas em vez de assistir a tudo isso na telinha, debaixo do edredon, fui obrigada a ver tudo pessoalmente durante o finalzinho de um plantão tranquilo, por sinal, um dos meus primeiros no Rio. Fiquei com o microfone e o coração na mão! Ossos do ofício ou falta de sorte?

Meses depois eu sorria sozinha no metrô enquanto voltava para casa. Havia ganho o dia. Isso depois de conseguir ajudar, de forma indireta, a um grupo de moradores idosos e portadores de dificiências físicas em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. 

Eles dependiam do transporte público para trabalhar diariamente, mas não tinham acesso à locomoção gratuita, que é assegurada por Lei no caso deles. A matéria com a denúncia, flagrada de forma exclusiva, mostra os passageiros sendo ignorados pelos motoristas dos veículos que tem a obrigação de fazer o transporte.

A reportagem foi ao ar e poucos dias depois recebi muitas ligações com retornos positivos por parte dos usuários de ônibus em questão. Segundo eles, o direito antes descumprido finalmente passou a valer. É uma pena que as situações cheguem a esse ponto, mas que bom poder contribuir com casos como este. Este é um dos fatores que me fazem ter orgulho por ser jornalista.

P.S.: E o nosso salário oh...!

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