Revirando meus arquivos encontrei um texto que fiz quando deixei Araçatuba para morar em outras cidades durante quase quatro anos. Quis dividí-lo novamente e aí vai:
De dia o cheiro é do jardim da casa onde moram meus pais. Pouco mais tarde (se é que seis horas da manhã pode ser considerado um horário tardio) sempre tem o cheiro daquele toucinho ou do ovo que a vizinha prepara para colocar na marmita do marido.
Quando o horário do almoço se aproxima é fácil saber se o vizinho do lado esquerdo vai comer bife acebolado ou o da frente, omelete. Ah, os moradores da esquina eu vi crescer e um da direita, vi morrer.
Todos na rua sabem o horário que a dona Maria sai para trabalhar e quanto tempo ela tem para o almoço. Não é difícil ter ciência também de que o João e a Rosa discutem todos os dias e que a Joana e a família assistem TV em alto volume e dão gargalhadas no horário que a maioria dos vizinhos já esquenta as camas com os corpos cansados para a labuta do dia seguinte.
Nas ruas têm semáforo, carro velho e carro novo, daqueles que nem anúncio na televisão tem ainda; mas não tem cheiro de trânsito. Depois que a noite cai, tem lugar da cidade com cheiro de cachorro quente, gosto de terra molhada e vizinho sentado na cadeira de área colocada estrategicamente na calçada para observar o movimento nas ruas. Também tem lugar com cheiro de mato e muitas casas em construção.
Foi nesse lugar, com menos de duzentos mil habitantes e muitas percepções que nasci... chorona e de onde saio, menos chorona é verdade, mas muito mais feliz.
P.S.: Interior tem as suas vantagens.
Que texto mais gostoso, Lucélia. Eu gosto muito do interior, principalmente de Ribeirão Preto, onde temos o melhor dos dois mundos: a qualidade de vida das cidades menores e o agito das maiores. Mas sempre vou a Batatais, aqui do lado, visitar minha mãe, minha irmã e os cachorros. Bem tranquilo, mais fresquinho, parece um spa, rs. Bjo.
ResponderExcluirÉ, lembro bem que já falamos sobre esse meio termo saudavel entre desenvolvimento e qualidade de vida.
ExcluirGosto bastante de Araçatuba, porque penso que todos precisamos ter raízes, mas passarinho que sai do ninho uma vez, ahhh, meu caro.rs
Beijo, beijo