O dia prometia apenas rotina e nada mais. Os filmes na TV eram os mesmos da semana anterior, os ponteiros do relógio moviam-se promovendo o barulho constante de sempre e os pensamentos eram os únicos que, naquele contexto, fugiam da mesmice.
Aquela situação involuntária de nada poder fazer para trazer de volta aquele brilho no olhar era o que mais fazia com que a mente ficasse inquieta. A sensação era de angústia, mas a necessidade de preocupar-se consigo mesma ainda falava mais alto.
Desistiu da programação disponível no televisor, deitou-se para ouvir música, mas os pensamentos não a abandonaram nem mesmo quando a letra da canção remeteu à ela forte identificação. Chegou a cochilar, sonhou que caminhava na praia e, quando acordou, lembrou-se de ter apostado, certo dia, para ver quem dos dois conseguia arremessar pedras que percorressem a maior distância sobre a água do mar. Por sorte de principiante ela venceu e, ao lembrar-se disso, sorriu timidamente.
Acordou com saudade de se aninhar naquele peito e de ter o direito de sentir-se frágil por alguns instantes. Notou que as mãos estavam transbordando das carícias que não foram dadas e resolveu aceitar o clichê de que "quem acredita sempre alcança". Agradeceu a Deus pelo passado, trocou de roupas, vestiu o melhor sorriso e saiu para aproveitar o presente.
P.S.: Dar importância às pessoas e fazer com que se sintam importantes é um dos hábitos mais lindos à se adquirir.
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