segunda-feira, 23 de junho de 2014

UM DIA DE CADA VEZ


Deus sabe. Ele sabe o quanto eu quis que aquele escorpiano tipicamente teimoso tivesse me ouvido. Deus sabe que eu morria de ciúmes quando via minha gatinha de estimação correr para a porta quando ele chegava. 

Deus sabe que os churrascos não eram simples refeições, mas sim desculpas para renovar as energias entre a família por meio de uma das coisas que ele mais gostava de fazer (devia, na verdade, ser gaúcho). 

Na maioria das vezes não importava o lugar e muito menos as pessoas. Bastava uma máquina fotográfica e uma beira de rio para ganharmos o dia.

Deus sabe que nunca comi um bolinho de arroz tão gostoso nessa vida. Ele certamente sabe o quanto me fazia bem ter aquele ombro à disposição. Sabe, funcionava feito sonífero (daqueles em dose cavalar).

Deus sabe que a nossa bagagem cresceu e muito depois que nos encontramos, mas muitas coisas nessa vida a gente aceita sem entender.

Deus sabe o quanto eu me derretia quando ele me mandava foto da fronha de gatinho e confessava que a casa ficava vazia sem mim. Eu brincava com os passarinhos, dançava pela casa, reclamava daquele short amarelo que ele teimava usar e ele, por sua vez, sempre dizia que daria para fazer uma peruca com os meus cabelos longos que caíam no chão.

Na maioria das vezes não nos desgrudávamos para nada porque era como se ficasse um buraco no coração. E tinha os elogios às nossas fotografias juntinhos, era unânime a opinião de que combinávamos feito casal de novela.

Mas como ele mesmo diz: talvez não fosse para ser nessa vida e, numa hora qualquer, nos reencontremos para terminar nossa história do jeito que ela merece.

P.S.: "Mas nada vai conseguir mudar o que ficou..."

Um comentário:

  1. Lindo.....éh de se emocionar, éh de ficar sem chão! desejo o melhor em sua vida

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